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Foto do escritorFlávio Stresser Araújo

Sobre primeiros passos

Atualizado: 8 de jan. de 2024

Pode soar clichê quando dizem que "a jornada de mil quilômetros começa com o primeiro passo" (até porque eu, particularmente, acho que realmente é um clichê), mas isso não significa que não é verdade. Faz sentido que se alguém ou alguma coisa, ou quem sabe um corpo (para dar um ar ainda mais científico pro meu argumento), chegou de um ponto A até um ponto B, em algum momento esse deslocamento precisa ter começado. E aqui estou eu, tentando vencer a inércia desse corpo em repouso que é a minha carreira de escritor para colocá-la em movimento. Eu gosto dessa metáfora física, usando a lei da inércia para justificar o motivo pelo qual demorei tanto tempo para começar a divulgar minha escrita porque ela deixa implícita a ideia de que, tal qual uma pedra que começa a rolar ladeira abaixo, a maior parte do esforço se encontra em começar o movimento e que o resto do caminho vai ser bem mais rápido e tranquilo daqui pra frente. Eu sei que isso é mentira, mas peço que me permita esse otimismo, pelo menos nesses primeiros dias. Mas enfim, introduções à parte, vou começar a escrever agora o que eu realmente me propus a escrever aqui nesse post.


Quem me conhece bem sabe o poço de insegurança e ansiedade que eu tendo a ser. Chega a ser chato até para mim às vezes e eu agradeço à minha esposa por ter paciência para me aguentar nisso tudo (te amo, viu?). Por causa disso, sinto que sempre tenho dificuldades em começar empreitadas como essa desse site e da escrita como um todo, porque sempre acho que ninguém vai se importar e que estou fazendo isso à toa; ou, pior, que estou fazendo algo verdadeiramente ruim e tosco, o que vai fazer com que minhas palavras se tornem o lugar para onde os leitores voltam quando querem relembrar como as coisas ruins e toscas são. Assim, depois de conversas com minha psicóloga (outra pessoa que agradeço por me aguentar), cheguei à conclusão de que, talvez, criar um lugar onde eu possa expressar essas inseguranças, compartilhando elas com os outros e com o Flávio do futuro. Isso significa que daqui a alguns meses ou anos vou poder voltar para esse post e ver se essas palavras envelheceram como vinho ou como leite.


"Mas por que agora?", eu ouço ninguém perguntar. Pois bem, isso vai de volta ao pequeno Flávio criança. Por algum motivo que eu realmente não sei explicar, sempre tive uma fascinação com o número 32. Não do ponto de vista numerológico ou supersticioso, acho que se enquadraria mais como uma afinidade por alguma razão desconhecida. Isso sempre me levou a tentar fazer coisas que se enquadrassem com o número 32: criar personagens em games de esporte com a camisa 32, escolher o número 32 para mim nos times de vôlei e futsal (durante minha brevíssima "carreira" esportiva até a 5ª série), escrever um conto se passando em 1932 (que não era muito bom e agora se perdeu nas areias do tempo), colocar nas minhas histórias horários com 32 minutos ou escolher números para datas que, somados, dessem 32... Mas, mais relevante para a situação atual, acreditar que algo muito legal aconteceria na minha vida quando eu tivesse 32 anos de idade. E conforme comecei a me aventurar com a escrita, foi aí que pensei "puxa vida, será que vai ser aos 32 que minha carreira de escritor vai começar a decolar?"


Foi assim, nessa expectativa sobre os 32 anos de idade, que fui empurrando muitos de meus projetos de escrita para depois. Só que foi aí que, para citar Joseph Campbell e mostrar que eu sei uma coisinha ou outra sobre escrita, veio o meu chamado à aventura. Meu aniversário de 32 anos foi algumas semanas atrás e, com ele, veio junto o peso da expectativa: se é para algo de bom acontecer na minha vida nos próximos 12 meses, sou eu que preciso começar a me mexer para fazer isso, tentando transformar minha fascinação pelo número 32 em uma profecia autorrealizável.


Depois de receber muito apoio de pessoas muito queridas, com um agradecimento especial a Lara, Isadora e Luna (minhas leitoras e incentivadoras mais ávidas até agora), além de outros escritores que já vêm há tempos falando para eu começar a escrever e divulgar meu trabalho (olá, Carlos, Julie, Carol e Cezar!) e, sobretudo, à pessoa que mais precisa me aguentar falando toda hora dessa lengalenga de insegurança, minha esposa Ari, decidi finalmente dar esses primeiros passos.


Com isso, caro leitor, se você aguentou me ouvir falando baboseira até agora, te convido a ler o meu conto Treze de dezembro, que nunca foi publicado em lugar nenhum (até agora) e cujo link você vai encontrar aqui embaixo em algum lugar (tenha paciência comigo, ainda tô aprendendo como que usa esse negócio). Como curiosidade, era a minha ideia ter publicado esse site já no dia 13/12 (e não 21/12, como estou fazendo agora), para ser simbólico com o conto e tal, mas procrastinei por uma semana inteira e só estou fazendo isso agora. Por isso, vou propor um acordo: vocês poderiam por favor fingir que vocês estão lendo isso aqui oito dias atrás, para eu fingir que eu realmente publiquei tudo isso no dia treze de dezembro dos meus 32 anos de idade, enquanto eu finjo que realmente fiz tudo no tempo certo para realizar a profecia que o pequeno Flávio tinha começado lá atrás? Obrigado desde já.


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